FAMÍLIA VEGAN
Carmem L Vilanova
Eu tenho hoje 44 anos... Aos 15 descobri que meu corpo não processa a proteína animal (nenhuma) e me tornei vegana aos 15 anos, quando o médico me deu apenas 6 meses de vida, depois de um coma... Daí, quando casei, já era vegana. Casei com um vegetariano (que imediatamente se tornou vegano) e criamos 2 filhos veganos... Hoje um com 23 e outra com 8... Ambos muuuuuito bem alimentados, como podem ver pelo pratinho da minha pequerrucha...
Eu sou vegana há 29 anos, mas há 5 anos senti uma necessidade de dar uma melhorada ainda mais em minha alimentação, no sentido de levá-la ao mais natural possível. Comecei a ler livros e artigos sobre o tema e achei que seria uma excelente idéia... E hoje vivo bem com este estilo de vida que não posso dizer que seja 100% crudívora porque uma vez por semana (geralmente aos sábados, quando meu irmão vem almoçar em minha casa), como algo cozido, embora em pouquíssima quantidade e sempre integral e/ou natural. Apesar da dieta crudívora ser maravilhosa, como cada organismo é único, este único dia de meia exceção ajuda no equilíbrio que necessito para o meu corpo. A dieta crudívora, ou viva, provoca, invitavelmente um "clareamento" espiritual muito grande, pelo fato de que a pessoa está consumindo os alimentos na forma em que a natureza oferece e isso é muito gratificante... Há várias vertentes crudívoras mas não sigo nenhuma em específico, trato de escutar o que meu corpo tem a me dizer e obedeço...... e aqui conta como tudo começou:
Quando eu nasci, minha mãe teve muita dificuldade em amamentar-me e por falta de um melhor preparo, na época, perdeu a paciência de seguir tentando e partiu logo para o leite de vaca. Naquele momento, ainda recém nascida dei os primeiros sinais de intolerância alimentar, mas como imaginaram que era tão somente com o leite, substituiram pelo leite de soja e assim fui crescendo. Até os seis meses, como só tomava leite de soja não tive maiores problemas assim que os médicos assumiram que o problema já estava solucionado. Quando, no entanto, comecei a alimentar-me de outras coisas além do leite de soja, os problemas (que mais adiante comento quais eram) recomeçaram, em pequena escala, mas sempre presentes. Mas como os médicos examinavam e examinavam e não encontravam a raiz do problema fui crescendo e acostumando-me a sentir-me mal, achando, inclusive que era normal. Tipo "Ah! Alguma coisa que comi não me fez bem". E tome remédio para dentro... Antiácidos, antifebris, antibióticos... Todos os "anti" conhecidos, que aliviavam por alguns dias, para logo voltarem os sintomas. Por ser filha de pai diabético, apesar da má alimentação/nutrição, fui uma criança pré-obesa, o que só complicava minha situação. Meu pai era carnívoro feroz, daqueles que gostava de comer a carne, como dizem, ainda com "o boi berrando"... Adorava todos os tipos de carne e os comia em demasia, era do tipo de pessoa que, embora tenha sido um ser humano muito bom com os demais, não era consigo mesmo, pois preferia remediar a prevenir e, infelizmente isto o levou à morte... Hoje entendo que meu pai não faleceu por culpa da diabetes, na realidade ele se suicidou dia após dia, bem lentamente e em algum momento seus órgãos já não suportaram e quando eu tinha 9 anos ele veio a falecer. Com a morte de meu pai minha mãe (que gostava muito do que era natural, embora não tivesse maiores conhecimentos do assunto) começou a mudar um pouco nossa alimentação. Já não comíamos tantas carnes (leia-se qualquer tipo) e começamos a comer mais frutas e verduras. Com esta mudança minha saúde deu um melhorada, mas eu ainda sentia o mesmo de antes, com menos frequência, mas sentia. O tempo foi passando e como eu já vivia acostumada com minha condição, achei que estava muito bem... Até que tinha 14 pra 15 anos, quando os sintomas se agravaram de tal forma que eu tive que ser hospitalizada. O que eu sentia, desde recém nascida, em diferentes graus de intensidade e frequência era: náusea, vômitos, enxaquecas, febre alta, e os dois piores sintomas - alternância de uma prisão de ventre que podia deixar-me até 45 dias (isso mesmo... 45 dias) sem ir ao banheiro, com diarréia que me levava à beira da desidratação; além de hemorragia quase diária, pelo ânus. Mas há quem pergunte "e com tantos sintomas por que não procurou um médico, uma urgência?"... Fiz isso quase que semanalmente durante os primeiros 15 anos de minha vida... "mas uma prisão de ventre de 45 dias? E por que não tomava laxante?"... Tomava, e fazia lavagem e os médicos não entendiam porque saía o remédio, a substância para lavagem, mas as fezes continuavam cimentadas nas paredes do intestino... Isso foi assim até que eu fui hospitalizada e entrei em coma. Minha mãe se desesperou por pensar em perder a filha aos 15 anos e com uma mini cirurgia os médicos conseguiram retirar a matéria apodrecida do meu corpo, o que me fez sair do coma. Assim que pude voltar a casa minha mãe tomou a decisão que salvou a minha vida (naquela época os médicos me deram 6 meses de vida)... Ela pensou que já que eu ia morrer mesmo, ia procurar uma última ajuda, a de um médico naturalista... Lembro-me como se fosse hoje, quando entrei no consultório do médico ele me olhou e já foi logo dizendo o que eu tinha que fazer: "Durante 15 dias você vai retirar de sua alimentação todo e qualquer alimento de origem animal... Com isso sei que se irá curar... Não me volte aqui antes dos 15 dias... Daqui pra lá, se não melhorar, começamos a pensar em algo mais radical (o que afinal eu nunca soube o que seria)"... Ele me deu uma lista de todos os alimentos que eu deveria eliminar definitivamente de minha alimentação, incluindo os que, naquela época, eu sequer imaginava ser de origem animal, exemplo de gelatinas, marias mole, etc, etc... No mesmo dia em que o médico me recomendou tirar tudo de origem animal da minha dieta já comecei com ela e o primeiro que percebi foi o desaparecimento da febre e ao final do terceiro dia foram-se as náuseas, os vômitos e ao quinto dia o intestino começou a funcionar diariamente sem o mínimo traço de sangue e/ou hemorragia... Ao final dos 15 dias voltei e o médico disse que eu nasci com a ausência de uma enzima que tem a capacidade de processar a proteína animal e este era o motivo de todos os meus problemas desde o nascimento. De lá pra cá (e já se vão quase 30 anos) não consumo nada, absolutamente nada que seja de origem animal, mas não foi até meus 25-28 anos que soube que, na alimentação eu era considerada vegana e foi então que ao estudar sobre o veganismo conheci o outro lado: o filosófico, de amor e respeito a toda forma de vida animal no planeta... Aos 21 anos fui mãe do meu primeiro filho e já o criei no veganismo, permitindo que, além de ser um ser humano melhor, ele fosse também, um ser saudável. Aos 35 me casei com um lacto-vegetariano, que embora respeitasse muito aos animais, ainda não sabia, ao certo, como fazê-lo da forma mais correta... Aprendeu comigo e imediatamente se tornou igualmente vegano. Aos 36 nasceu minha segunda filha (a dona do prato que eu publiquei ontem... Hehehehe), a qual vem sendo criada no veganismo, com a exceção única do leite materno, alimentação exclusiva até os seis meses de vida (e complementar até os 3 anos e meio). Há anos só vamos ao médico por questões únicas de pequenos acidentes, que ninguém está livre e recentemente, quando descobrimos que minha filha herdou geneticamente a Doença Celíaca, não sei se de minha família ou da do pai... Isso fez com que eu me tornasse ainda mais cuidadosa com a alimentação e, embora seja complicado criar um filho sem direito a determinados alimentos, ela vem se saindo muito bem pois recebe nosso total apoio (hoje eu e o pai somos celíacos voluntários) e felizmente está muito bem. Há mais ou menos 5 anos, apesar de ter boa saúde, mas mais por questão ideológica e espiritual, decidi ser crudívora. Estudei e provei cada um das vertentes existentes e decidi ouvir o meu corpo e fazer a minha própria, a depender de minhas próprias necessidades. Não sou 100%, porque uma vez por semana como algo cozido, mas sempre em pouquíssima quantidade e o mais natural/integral possível. Além disso, tento usar o mínimo de produtos industrializados quanto posso, sendo que muitas coisas eu mesma faço, a exemplo de vinagre de maçã, leites vegetais (incluindo o de soja), tofu, mostarda, enfim, o que eu possa fazer, faço, mas também levo uma vida de dedicação exclusiva a cuidar de minha família, da casa e da saúde e compreendo que aqueles que não têm tempo disponível se utilizem de algo industrializado. Beijos e obrigada por me ler e assim conhecer um pouco mais da minha história...
Além do meu caso, tenho uma vizinha da mesma rua que foi diagnosticada com um câncer de esôfago. Ela decidiu não fazer tratamentos convencionais, decidiu fazer um jejum de sumos de frutas e vegetais por 30 dias seguidos. O câncer desapareceu e, segundo os médicos é como se nunca houvesse existido. Minha mãe, enquanto esteve hospitalizada com todos os problemas antes de falecer esteve sob meus cuidados e eu, escondido dos médicos, substituía a comida de hospital que traziam para ela por sumos de frutas e vegetais que eu levava de casa. A melhora foi tanta que a médica ia dar alta em 2 dias. Lamentavelmente uma enfermeira percebeu o que eu fazia e disse que como minha mãe não estava se alimentando "adequadamente", colocariam uma sonda nela para o alimento entrar diretamente. Nos dois dias que ela deveria voltar à casa ela piorou de tal forma que teve que ir de emergência para a UTI, onde faleceu uma semana depois com o corpo totalmente necrosado, antes mesmo de falecer completamente... Se isso não é a mudança radical de alimentação que faz, eu não sei o que é, então!!!
Leide Fuzeto Gameiro
Eu cresci cercada de animais, criei vários pintinhos doentes... Comíamos pouca carne, mas qdo comia eu sentia dó, mas achava que eu é que era boba. Só com30 anos tive um estalo, uma fase de desconstruçao e de um dia para o outro parei de comer carne. Nao usava internet, nao conhecia ativistas nem veganismo, nada. Só tinha um tio que tbem nao comia carne pelo mesmo motivo. Meu filho já tinha 4 anos e eu fui parando de dar carne à ele mas nao impus nada, ele comia na casa dos outros e na rua.
Anos depois, procurando na banca revistas de receitas vegetarianas conheci a Revista dos Vegetarianos. Passei a comprá-la todos os meses e foi aí que vi que nao era só Greenpeace que existia, conheci o George e o movimento por todos os animais e nao só por cachorros e baleias. Pesquisando percebi que nao comer carne nao significava nada. Parei de comprar leite e ovos. Nessa altura o meu filho se decidira sozinho a parar com carne e ficou preocupado quando disse que nao compraria mais leite nem ovo, mas mais uma vez nao impus à ele parar tbem, poderia comer na rua.
A minha única dificuldade foi parar com produtos que contém leite e ovo, pensava que seria muito difícil, pois quase tudo tem, até meu amado chocolate. Essa última fase levou uns meses, até eu ir ao Enda 2010 e conhecer um monte de veganos que nao tinha dificuldade alguma. Saí de lá vegana.
Hojo sou vegana, ativista e nunca estive tao bem. Meu filho ainda nao resite à sorvetes,chocolates e guloseimas com queijo, mas só come na rua, em casa nao temos nada. Ele diz que é muito difícil e eu me esforço para ajudá-lo, sem cobranças e sim preparando versoes veganas das coisas que ele acha difícil deixar. O que importa é que ele seja vegano por consciência e nao por coersao. Conversamos muito sobre isso.
Amigos e familiares no inicio me criticavam em relaçao à nutriçao dele. E me achavam radical (parece que isso incomoda). Hoje se acostumaram e minha mae, irmao e familia sao quase veganos (nao demonstram a intençao de ser definitivamente, mas se alimentam basicamente de vegetais).
Olho para trás e vejo que nasci vegana, me perdi e agora voltei a ser o que era. Agora tudo faz sentido!
Fernando Daniela Soares
No nosso caso Carmem L Vilanova foi o contrario pq meu filho mais velho nasceu assim e fez a familia inteira virar vegetariana eu (Dani)e ele somos veganos meu marido e meu mais novo vegetarianos
Taciane Ribeiro
Fui uma relutante, assim como Tom Regan, guardadas as proporções! Nunca pensei muito nisso, quando comecei a graduação, conheci uma colega que havia a pouco tempo se tornado vegetariana,( Camila ), sem muitas ambições, lições de moral ou coisa do gênero...mudou a dieta bem na época que eu estava remoendo isso. Serviu de inspiração, e ainda me disse: assiste " A carne é fraca" Instituto Nina Rosa, eu já havia escutado essa dica muitas vezes, mas nunca assisti, não tinha coragem. Mas com o exemplo paupável na minha frente, resolvi apostar. Eu e meu companheiro amado de jornada assistimos o documentário, no final, já sabiamos que rumo tinhamos que tomar, como damascenos largamos todas as carnes. Mesmo assim ainda relutamos anos para nos convencer a retirar do cardápio o leite e os ovos, atrás de várias desculpas. Hoje, fazemos tudo que podemos pelo abolicionismo animal.
Carmem L Vilanova
Eu vejo minha sobrinha, por exemplo, comer um prato com macarrão branco, sem molho, sem nada, um pedaço de frango frio e batatas fritas... :O E depois não sabem porque tem tantos problemas de saúde, e sobrepeso aos 8 anos... E outra sobrinha, de 1 ano, que aos 6 meses começou a comer carne de porco e no dia que completou um aninho estava na sala de.cirurgia com problemas intestinais......
E as meninas, que não mesntruam mais aos 13, 14, anos, mas aos 9!!! E nem se dão conta que é por causa dos hormônios que ingerem na alimentação.. é triste!!
Pais vegetarianos, filhos futuros vegetarianos?
Amei! Só acho que acabei escrevendo demais... Hahahahah... Beijos!
ResponderEliminarAchei perfeito. A sua história é longa mas tem um final muito Feliz!
ResponderEliminarBeijo <3